percurso vida

"Para vencer o medo que temos, necessitamos dos
conhecimentos que ainda não temos. Para conhecer mais, formulamos hipóteses que reforçam nosso medo e nossa curiosidade; insistindo no processo, vamos criando novos medos e preconceitos ou chegamos ao prazer do conhecimento."

percursovida@hotmail.com


"No simples ato de ouvir podemos ajudar e transmitir paz a alguém, por isso fazer o bem pode ser mais fácil do que imaginamos, uma conversa, atenção, uma demonstração de amizade verdadeira, de valorização e apoio, pode ajudar muito alguém que esteja passando por dificuldades. É só pensar nisso e praticar dentro do possível."

Falo pelas minhas palavras e com o meu coração. Não sou nenhum profissional da
área médica, sou um “experiente” dependente químico.












O QUE SÃO INALANTES.

São um vasto grupo de produtos diferentes, usados licitamente em várias das atividades industriais, comerciais e domésticas. Alguns são derivados do petróleo e são encontrados na forma de solventes para ceras, colas, graxas, tintas, azeites: em perfumes, corantes, resinas, como combustíveis, entre outros.

Como são voláteis, evaporam à temperatura ambiente, o que facilita que sejam inalados (cheirados) de qualquer recipiente. Popularmente são conhecidos como "cheirinho da loló", "cheirinho do morro", ou "cheirinho", além de "lança perfume". Apresentam diversas composições e são usadas ilegalmente.



QUEM UTILIZA ?


Com a finalidade de abuso, são usados por grande número de meninos de rua brasileiros e de outros países. São, também, experimentados por uma parcela dos estudantes de 1º e 2º graus. Alguns trabalhadores que têm contato com estes produtos na sua atividade também podem passar a abusar os inalantes.



POR QUE SÃO USADOS COM O FIM DE ABUSO?



Porque, caso sejam inalados em quantidade suficiente, produzem excitação e euforia (um tipo de alegria). Junto com estes efeitos aparecem a impulsividade e a agressividade. Com quantidades um pouco maiores há confusão, desorientação, visão embaralhada e perda do autocontrole. A sonolência, incoordenação dos movimentos e fala arrastada ocorrem com altas doses. Pode haver inconsciência, com sonhos bizarros, alucinações e até convulsões, em estágios mais graves de intoxicação.

Além disso, náuseas, espirros, tosse, salivação e face avermelhada, seguida de palidez, dor de cabeça e cólicas podem acompanhar o quadro. Existem outros sinais que indicam o uso de inalantes: cheiros característicos encontrados nas roupas ou na respiração do usuário ou, ainda, encontrar o produto na pele, como pode acontecer com as colas.



QUE MAL FAZEM PARA A SAÚDE?


Os efeitos podem ser diferentes, dependendo do tipo de solvente, das doses e do tempo utilizado. Os problemas mais imediatos são os acidentes que o usuário pode sofrer, pela incoordenação motora. Pelo uso crônico, ocorre irritação das mucosas, do sistema respiratório e da pele e pode aparecer lesão do fígado ou do coração. A lesão cardíaca explica as mortes súbitas que por vezes ocorrem. Há, ainda, atrofia cerebral com diminuição da memória e lesão dos nervos periféricos com diminuição da força ou do tato. Alguns produtos ocasionam alterações do sangue.



PRODUZEM DEPENDÊNCIA?


Sim. Os usuários utilizam os inalantes por vários dias da semana, por longos períodos das suas vidas, em geral com outros usuários, aumentam a dose usada algumas vezes, porque, com o tempo, a mesma quantidade de droga produz menos efeito. Quando o indivíduo pára subitamente de usar o inalante os sinais de abstinência são raros e discretos.



EXISTE TRATAMENTO PARA
O USUÁRIO DE INALANTES?

Sim. Parar de usar inalante é o melhor tratamento. Mas, também, é importante que seja procurada ajuda em algum centro de tratamento, pois a pessoa pode sentir-se mal e necessitar de cuidados adequados. Os centros de tratamento da sua cidade estão acostumados a apoiar e cuidar da saúde física em casos como estes, para evitar que o usuário volte a usar o inalante.




O QUE FAZER PARA RECUPERAR
UM USUÁRIO DE INALANTES?


É muito importante que se busque a conscientização do usuário, alertando-o para os perigos do seu uso e auxiliando-o no seu encaminhamento ao tratamento. As técnicas para a recuperação de usuários de drogas são muito variáveis e devem ser aplicadas somente por especialistas.




QUAIS SÃO OS SINAIS DE DEPENDÊNCIA?


  • Depois da primeira dose a pessoa sente vontade de repetir, mesmo quando prometeu só usar "um pouquinho".
  • Gasta muito do seu tempo para conseguir, usar ou se recuperar do uso da droga.
  • Se apresenta intoxicado (sob efeito da droga) ou com sinais de "falta" da droga nos horários em que deveria estar produzindo (exemplo: falta ao trabalho porque usou a droga ou porque precisa procurar a droga para se sentir "bem").
  • Se afasta da família, do trabalho ou dos divertimentos para ficar usando a droga sozinho ou com outros usuários da droga.
  • A pessoa não pára de usar a droga mesmo quando sabe que esta está lhe fazendo algum mal (saúde, psicológico ou social) porque usa há muito tempo ou em quantidades muito altas.
  • Ocorre tolerância, ou seja, a pessoa precisa usar maior quantidade da droga para sentir o mesmo efeito das primeiras vezes.
  • Se a pessoa parar de usar ou diminuir a quantidade da droga aparecem sintomas de abstinência, ou seja, o organismo "sente falta" da droga.
  • A pessoa usa a droga para não apresentar ou para diminuir os sintomas da abstinência.

O QUE É...ALCOOLISMO?


Bebidas alcoólicas, ou seja, contendo álcool etílico, são conhecidas há muito tempo, sendo a droga mais antiga utilizada pelos homens. Em certos padrões, seu uso por adultos é legal e aceito pela sociedade. Apresentar alterações de comportamento por consumo excessivo("porre") ou o consumo crônico é um problema social e médico freqüente no Brasil.


O QUE É O ALCOOLISMO?

O alcoolismo (etilismo) ocorre quando o uso de bebidas alcoólicas ocasiona prejuízos ao indivíduo, à sociedade ou a ambos. Ou seja, quando a pessoa apresenta problemas de saúde, de relacionamento ou com a sociedade por ficar alcoolizado.

QUAIS SÃO OS PREJUÍZOS OCASIONADOS PELO ÁLCOOL?

O álcool afeta todas as funções do organismo.
Seus efeitos ficam mais intensos quando é usado juntamente com calmantes.
Apesar dele ocasionar uma aparente excitação é depressor do sistema nervoso central. Em pequenas quantidades pode ocasionar sensação de bem-estar, alegria, excitação, facilidade de comunicação. Em maiores quantidades aparece irritabilidade, sonolência, tontura, ataxia (dificuldade de caminhar), que podem ficar mais graves, com perda de consciência, anestesia, coma profundo e morte por depressão respiratória.
A pessoa que ingeriu álcool não deve trabalhar com máquinas ou dirigir, pois pode pôr em perigo a sua vida, bem como de outras pessoas. São comuns acidentes de trabalho ou de trânsito por pessoas que beberam.
A ingestão de álcool ocasiona vasodilatação (aumento do diâmetro dos vasos), perda de calor pela pele e diminuição da temperatura corporal. Uma pessoa alcoolizada não deve ser exposta ao frio (banhos frios, ficar "pegando ar fresco"), pelo contrário, deve ser aquecida com agasalhos.

QUAIS OS EFEITOS DO USO PROLONGADO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS?

O álcool usado cronicamente produz dependência. O alcoolista diminui a produtividade no trabalho e pode mudar o seu relacionamento com amigos e familiares.
O fígado pode ser lesado, apresentando hepatite e cirrose. O fígado funciona como se fosse uma "usina",trabalhando os alimentos e queimando as substâncias mais tóxicas que chegam no nosso organismo. A sua lesão impede esta função. O alcoolista é uma pessoa desnutrida porque se alimenta menos, além do aparelho digestivo também sofrer lesões, diminuindo a absorção de alimentos, principalmente de vitaminas.


BEBIDAS ALCCÓLICAS DURANTE A GRAVIDEZ FAZEM MAL?

A mulher grávida, em qualquer fase, não deve beber álcool, assim como não deve fumar ou usar outras drogas de abuso. Pode haver prejuízos para o seguimento da gravidez e os filhos das mulheres que bebem (mesmo que seja pouco) podem apresentar variados problemas.
As crianças que nascem vivas podem ter defeitos ou apresentar síndrome de abstinência com convulsões.
Dificuldades de aprendizado e problemas psicológicos que só serão observados à medida que a criança cresce são freqüentes.


QUAL A RELAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE ÁLCOOL NO SANGUE COM AS MUDANÇAS DE COMPORTAMENTO?

Euforia (sensação de bem-estar)..........30mg%

Pequena incoordenação motora.......... 50mg%

Excitação, ataxia................................150mg%

Tontura, irritabilidade........................ 250mg%

Estupor.............................................. 300mg%

Anestesia.......................................... 400mg%

Coma profundo, morte.......................500mg%

O nível alcoólico máximo permitido para motorista é de 60mg%, que é atingido em 1 hora, quando um adulto bebe o correspondente a 1 lata de cerveja.

QUAL A QUANTIDADE DE ÁLCOOL NAS BEBIDAS MAIS USADAS NO BRASIL?

Cerveja.......................................................4%

Vinho........................................................12%

Whisky......................................................40%

Gin, Vodka e Aguardente.............................40%


O QUE FAZER SE ENCONTRAR UM AMIGO ALCOOLIZADO?

  • Leve-o para casa;
  • Não o deixe dirigir;
  • Se estiver inconsciente (desmaiado), leve-o para um pronto socorro;
  • Passe um agasalho por seu corpo para mantê-lo aquecido; é prejudicial dar banhos frios;
  • O uso do café forte não melhora a intoxicação;
  • Não existem remédios que previnam os efeitos do álcool;
  • Se estiver agitado, procure ajuda e não use remédios calmantes;
  • Se desmaiar, deite-o de lado para evitar que aspire ("sufoque"), caso vomite; se estiver consciente, deixe-o sentado ou deitado de lado.

o que é a maconha.


São as flores e folhas secas da planta CANNABIS SATIVA, também conhecida como Cânhamo verdadeiro. Os cigarros são chamados de: erva, pacau, baseado, charão, fininho ou finório. Contém várias substâncias que têm efeitos cerebrais, a mais conhecida sendo o delta-9-tetrahidrocanabinol (D -9-THC,THC). Também contém substâncias que não agem no cérebro, como o alcatrão. Outras preparações da CANNABIS são o haxixe, ganja e charas.


POR QUE É USADA?


Os efeitos variam se a droga é fumada ou tomada, e dependem da quantidade usada. Com doses baixas há euforia (sensação de bem-estar) e risos, quando em grupo, ou há relaxamento e sonolência, se está sozinho. A memória fica prejudicada e a pessoa não consegue executar tarefas múltiplas. Há aceleração do tempo subjetivo, fazendo minutos parecerem horas, e confusão entre passado, presente e futuro. Os sentidos ficam aguçados, mas o indivíduo tem menor equilíbrio e força muscular. Os olhos ficam vermelhos (congestão da conjuntiva), a boca seca, e aumenta a vontade de comer doces. O pulso fica acelerado, e a pressão pode diminuir quando a pessoa fica em pé, causando tontura. Com doses mais altas iniciam os delírios (desorientação, confusão, raciocínio incoerente, medo, ilusões), alucinações (perceber algo quando não há estímulo) e despersonalização (sente que não é mais ele mesmo), que podem atingir um nível de psicose tóxica. Nestes estágios de intoxicação a pessoa pode sentir-se muito mal, mostrar-se agitada e confusa, caracterizando a má viagem.


QUE MAL FAZ PARA A SAÚDE?


Sem referir os problemas de comportamento já citados, é conhecido que:
  • fumar maconha traz os mesmos problemas que fumar cigarro de tabaco: bronquite, asma, faringite, enfisema e câncer;
  • há maior risco de sofrer acidentes de trânsito;
  • diminui a imunidade, aumentando a chance de ocorrerem infecções;
  • se for usada durante a gravidez, existe a possibilidade de prejudicar o feto.


PODE OCASIONAR DEPENDÊNCIA?

A dependência pode ocorrer por uso repetido, durante bastante tempo. Pode haver tolerância(precisa usar maior quantidade de droga para sentir os mesmos efeitos de antes), de forma que a pessoa passa a fazer uso diário da droga, no entanto, a suspensão abrupta do uso não produz sintomas físicos. O dependente se afasta da família, do trabalho e do lazer, para ficar usando a droga. Alguns podem perder o interesse por cuidar de sua saúde ou higiene.

QUAL DEVE SER A CONDUTA

QUANDO SE DESCOBRE UM AMIGO

USUÁRIO DE DROGAS?

O usuário não deve sentir-se abandonado por amigos ou familiares, pois ficará mais próximo da droga. Ele deve ser motivado a procurar ajuda especializada, pois os tratamentos trazem melhores resultados naquelas pessoas que querem ser ajudadas. Para tanto, devemos estar bem informados a respeito de drogas e dispostos a conversar sem preconceitos sobre o assunto. Esta pode ser uma boa maneira de auxiliá-lo, porque estaremos mostrando que a opção de não usar drogas está fundamentada.

O QUE FAZER EM CASOS DE

"MÁ VIAGEM" ?

Conduzir um indivíduo a um centro de urgências é a melhor medida. Caso não seja possível, é importante colocar a pessoa em ambiente calmo, sempre acompanhado por alguém, evitando que machuque a si ou a outras pessoas. Não dar remédios ou bebidas alcoólicas.

o que é a cocaína.


A cocaína é um alcalóide (produto extraído das folhas de uma planta chamada Erythroxilon coca encontrada principalmente em países da América do Sul e Central). Também é conhecida como coca, pó dourado, neve ou "senhora".


A cocaína é um estimulante do Sistema Nervoso Central. Ela atinge rapidamente o cérebro, produz resposta intensa, o que a torna muito procurada como droga de abuso.


QUAIS OS TIPOS DE PREPARAÇÃO DE COCAÍNA?

Existem vários tipos de preparação de coca:

  • folhas de coca: podem ser mascadas ou ingeridas; são de uso cultural pelos povos do Peru, Colômbia, Equador, etc.;
  • pasta de coca: é fumada com tabaco ou maconha sendo esta mistura conhecida como BASUCO. Além da cocaína, esta preparação contém solventes como ácido sulfúrico;
  • pó de coca (cloridrato): pode ser cheirado ou injetado;
  • "crack" ou "rock" (base livre): é fumado e tem aparência de mineral. Quando aquecido faz barulhos, o que caracteriza o nome "crack".

Pode conter contaminantes cáusticos.

POR QUE É USADA COM FIM DE ABUSO?

Todos os efeitos produzidos pela cocaína variam em função da preparação, das doses, da forma de administração e da freqüência de uso. Se a pessoa está sozinha ou em grupos as manifestações produzidas pela droga ou sua intensidade pode diferir. Em pequenas doses ocasiona euforia, excitação e agitação. Em doses moderadas surgem sensação de competência (inteligência, capacidade de resolver problemas, autoconfiança) e habilidade. Em doses elevadas pode provocar alucinações. Após o término do efeito da dose a pessoa pode sentir-se deprimida (triste) e ficar tentada a usar outra dose para se animar.

QUAIS OS EFEITOS ASSOCIADOS AO USO DA COCAÍNA?

Já com doses baixas, a cocaína ocasiona alterações em todo o organismo como aumento da freqüência dos batimentos cardíacos (taquicardia) e aumento da pressão arterial (hipertensão). Com a utilização da doses moderadas podem aparecer vômitos, diarréia, excitação, confusão das idéias até ansiedade extrema. Estes efeitos podem durar de poucas horas até alguns dias. A utilização de doses elevadas podem ocasionar uma significativa hipertensão arterial, taquicardia, calafrios, transpiração excessiva, convulsões e morte (por efeitos sobre o coração e respiração) que caracterizam a intoxicação aguda, também conhecida como overdose.

Com o uso freqüente e contínuo (semanas ou meses) podem ocorrer alterações comportamentais como: agressividade, idéia de perseguição(paranóia), alucinações táteis (sensação de insetos caminhando sobre a pele), visuais e auditivas (ver e ouvir coisas) e delírios (desorientação, confusão, medo e ilusões). Também pode ocorrer emagrecimento e perfuração dos septo nasal quando inalada.

QUAIS OS RISCOS DO USO DE COCAÍNA INJETÁVEL?

A administração injetável (parenteral) da cocaína pode trazer problemas em função do solvente utilizado (líquido par dissolver a droga) e das seringas não serem esterilizadas. Também pode acontecer da contaminação ocorrer pelo fato da mesma seringa ser utilizada por mais de uma pessoa. Transmissão de hepatite de endocardite infecciosa, AIDS e menos comumente pneumonia ou infecções localizadas são as doenças mais freqüentes. A falta de higiene no local da administração da droga pode ocasionar o aparecimento de feridas (ulcerações) e desencadear, mais tarde, uma infecção grave em outros locais do organismo.

QUAIS OS PROBLEMAS DO USO DA COCAÍNA NA GRAVIDEZ?

O uso continuado de cocaína durante a gravidez pode ser responsável pelo nascimento de bebês pequenos (retardo de crescimento intra-uterino), malformações (microcefalia) e abortos espontâneos. Além disso, após o nascimento, o bebê pode apresentar comprometimento neurológico e ter manifestações comportamentais diferentes (ex.: chorar de forma inconsolável).

A COCÁINA PRODUZ DEPENDÊNCIA?

Sim, quando o usuário utiliza a droga por diversos dias ou meses. No início a pessoa pode sentir necessidade do aumento da dose para produção do mesmo efeito (tolerância). Além disto, afasta-se da família, amigos e trabalho e pode passar a vender os seus objetos ou a roubar para manter o consumo da droga. Quando a pessoa pára de usar ou reduz a quantidade utilizada pode sentir depressão (tristeza), irritabilidade, ansiedade, cansaço e insônia (não consegue dormir). Por isso, existe uma forte tendência para a continuação do uso da droga.

EXISTE TRATAMENTO PARA O USUÁRIO DE COCAÍNA?

Sim. O usuário não deve sentir-se abandonado por amigos ou familiares. Ele deve ser incentivado a procurar ajuda em centros especializados onde o tratamento de desintoxicação e acompanhamento posterior poderão ser obtidos.

Adicção não tem cura.

Adicção não tem cura. Ela é uma doença crônica. Recuperação da adicção é uma maneira de vida. Como o plano de prevenção de recaída é parte da recuperação, também precisa tomar-se uma maneira de vida. O plano de prevenção de recaída precisa ser integrado em toda a vida e em todos os aspectos da sua recuperação do adicto.
O plano de prevenção de recaída precisa ser compatível com A.A/NA. e outros grupos de apoio que se usa para progressiva sobriedade.


Deve também ser compatível com o programa de tratamento e da família.
Prevenção de recaída precisa ser praticada até torna-se um hábito. Todos somos escravos de nossos hábitos. A única liberdade que podem ter e escolher com cuidado os hábitos dos quais ficaremos escravos. Para a pessoa em recuperação é especialmente real que existe liberdade na estrutura. Somente no habito e na estrutura de um programa de sobriedade diário é que se pode conseguir a liberdade da escravidão da adicção.
E preciso estar disposto e revisar e atualizar o plano de prevenção de recaída em intervalos regulares e estar dispostos a reconhecer novos problemas que ameaçam a sobriedade. Plano de prevenção de recaída é um processo que deveria tornar-se uma parte integral da recuperação.
A conseqüência será a liberdade para gozar sobriedade confortável e a garantia que se tem um conhecimento de recaída, que se podem identificar os próprios sinais de aviso, e que se tem um plano de ação permitir que estes sinais de aviso se desenvolvam.

Codependência.

 Intrigante e até misteriosa, é a aparente perseverança com que alguns familiares, normalmente cônjuges e companheiros(as), se dedicam aos parentes com problemas de dependência, alcoolismo, jogo patológico ou outro transtorno grave da personalidade. Difícil entender como e porque essas pessoas suportam heroicamente todo tipo de comportamento problemático, ou até atitudes sociopáticas dos companheiros(as), como se assumissem uma espécie de desígnio ou “carma”, para o qual fossem condenados para todo o sempre.



Não se consegue compreender porque essas pessoas abrem mão da possibilidade de ser feliz ou de diminuir o sofrimento, permanecendo atreladas à pessoa problemática, suportando toda a tirania de sua anormalidade, como se esse fosse o único papel reservado pelo destino.

Os profissionais com prática no exercício da clínica psiquiátrica sabem das dificuldades existenciais dessas pessoas codependentes, ou seja, “dependentes” dos companheiros(as) problemáticos, quando estes deixam o vício. Parece que os codependentes ficaram órfãos, de uma hora para outra, perdidos e sem propósito de vida. Não é raro que passem elas, as pessoas codependentes, a apresentar problemas semelhantes àqueles dos antigos dependentes que cuidavam.

Codependência é um transtorno emocional definido e conceituado por volta das décadas de 70 e 80, relacionada aos familiares dos dependentes químicos, e atualmente estendido também aos casos de alcoolismo, de jogo patológico e outros problemas sérios da personalidade.

Codependentes são esses familiares, normalmente cônjuge ou companheira(o), que vivem em função da pessoa problemática, fazendo desta tutela obsessiva a razão de suas vidas, sentindo-se úteis e com objetivos apenas quando estão diante do dependente e de seus problemas. São pessoas que têm baixa auto-estima, intenso sentimento de culpa e não conseguem se desvencilhar da pessoa dependente.

O que parece ficar claro é que os codependentes vivem tentando ajudar a outra pessoa, esquecendo, na maior parte do tempo, de cuidar de sua própria vida, auto-anulando sua própria pessoa em função do outro e dos comportamentos insanos desse outro. Essa atitude patológica costuma acometer mães (e pais), esposas (e maridos) e namoradas(os) de alcoolistas, dependentes químicos, jogadores compulsivos, alguns sociopatas, sexuais compulsivos, etc.

O Codependente é Atado na pessoa problema
Uma expressão que representa bem a maneira como o codependente adere à pessoa problemática é atadura emocional. Dizemos que existe atadura emocional quando uma pessoa se encontra atrelada emocionalmente a coisas negativas ou patológicas de alguém que o rodeia; seja esposo, filho, parente, companheiro de trabalho, etc. Devida a essas amarras emocionais o codependente passa a ser quase um outro dependente (d pessoa problemática).

A codependência se manifesta de duas maneiras: como um intrometimento em todas as coisas da pessoa problema, incluindo horário de tomar banho, alimentação, vestuário, enfim, tudo o que diz respeito à vida do outro. Em segundo, tomando para si as responsabilidades do outra pessoa. Evidentemente, ambas atitudes propiciam um comportamento mais irresponsável ainda por parte da pessoa problemática.

Percebe-se na codependência um conjunto de padrões de conduta e pensamentos (patológicos) que, além compulsivos, produzem sofrimento. O codependente almeja ser, realmente, o salvador, protetor ou consertador da outra pessoa, mesmo que para isso ele esteja comprovadamente prejudicando e agravando o problema do outro.

Como se nota, o problema do codependente é muito mais dele próprio do que da pessoa problemática e, normalmente, a nobre função do codependente depende da capacidade de ajudar ou salvar a outra pessoa, que sempre é transformada em vítima e não responsável pelos próprios problemas.

Por causa do envolvimento de toda a família nos problemas do dependente ou alcoolista, considera-se que o alcoolismo ou o uso nocivo de drogas é uma doença que afeta não apenas o dependente, mas também a família.

Sintomas da Codependência
A codependência é uma condição específica que se caracteriza por uma preocupação e uma dependência excessivas (emocional, social e a vezes física), de uma pessoa em relação à outra, reconhecidamente problemática. Depender tanto assim de outra pessoa se converte em uma condição patológica que caracteriza o codependente, comprometendo suas relações com as demais pessoas. Em pouco tempo o codependente começa a achar que ninguém apóia a pessoa problema (como ele), que ambos são incompreendidos, ele e a pessoa problemática, ambos não recebem o apoio merecido, etc.

O codependente tem seu próprio estilo de vida e seu modo de se relacionar consigo próprio, com os demais e com a pessoa problemática. Devido sua baixa auto-estima, ele sempre se preocupa mais com os outros do que consigo mesmo (pelo menos aparentemente).

A pessoa codependente não sabe se divertir normalmente porque leva a vida demasiadamente a sério, parecendo haver um certo orgulho em carregar tamanha cruz, em suportar as ofensas, humilhações e frustrações. Como ele precisa desesperadamente da aprovação dos demais, porque no fundo ele mesmo sabe que está exagerando em seus cuidados com a pessoa problemática, procura ter complacência e compreensão com todos por uma simples questão de reciprocidade (quer que os outros também entendam o que está fazendo).

A codependência se caracteriza por uma série de sintomas e atitudes mais ou menos teatrais, e cheias de Mecanismos de Defesa, tais como:

1. - Dificuldade para estabelecer e manter relações íntimas sadias e normais, sem que grude muito ou dependa muito do outro
2. - Congelamento emocional. Mesmo diante dos absurdos cometidos pela pessoa problemática o codependente mantém-se com a serenidade própria dos mártires.
3. - Perfeccionismo. Da boca para fora, ou seja, ele professa um perfeccionismo que, na realidade ele queria que a pessoa problemática tivesse.
4. - Necessidade obsessiva de controlar a conduta de outros. Palpites, recomendações, preocupações, gentilezas quase exageradas fazem com que o codependente esteja sempre super solícito com quase todos (assim ele justificaria que sua solicitude não é apenas com a pessoa problemática).
5. - Condutas pseudo-compulsivas. Se o codependente paga as dívidas da pessoa problemática ele “nunca sabe bem porque fez isso”, diz que não consegue se controlar.
6. – Sentir-se responsável pelas condutas de outros. Na realidade ele se sente mesmo responsável pela conduta da pessoa problemática, mas para que isso não motive críticas, ele aparenta ser responsável também pela conduta dos outros.
7. - Profundos sentimentos de incapacidade. Nunca tudo aquilo que fez ou está fazendo pela pessoa problemática parece ser satisfatório.
8. – Constante sentimento de vergonha, como se a conduta extremamente inadequada da pessoa problemática fosse, de fato, sua.
9. – Baixa autoestima.
10. - Dependência da aprovação externa, até por uma questão da própria auto-estima.
11. - Dores de cabeça e das costas crônicas que aparecem como somatização da ansiedade.
12. - Gastrite e diarréia crônicas, como envolvimento psicossomático da angústia e conflito.
13. - Depressão. Resultado final

Parece um nobre empenho ajudar a outras pessoas que se estão se autodestruindo, como no caso dos alcoolistas ou dependentes químicos, do jogo ou do sexo compulsivos. Entretanto, se quem ajuda se esquece de si mesmo, se entrega à vida da outra pessoa problemática, então estamos diante da Codependência. A dor na codependência é maior que o amor que se recebe e se uma relação humana resulta prejudicial para a saúde física, moral ou espiritual, ela deve ser desencorajada.

Na realidade a codependência é uma espécie de falso-amor, uma vez que parece ser destrutivo, tendo em vista que pode agravar o problema em questão, seja a dependência química, alcoolismo, transtornos de personalidade, etc. Todo amor que não produz paz, mas sim angústia ou culpa, está contaminado de codependência, é um amor patológico, obsessivo é bastante destrutivo. Ao não produzir paz interior nem crescimento espiritual, a codependência cria amargura, angustia e culpa, obviamente, ela não leva à felicidade. Então, vendo desse jeito, a codependência aparenta ser amor, mas é egoísmo, medo da perda de controle, da perda da relação em si.

Disfunção Familiar
Na família da pessoa problemática as relações familiares e a comunicação interpessoal vão se tornando cada vez mais complicadas. A comunicação se faz mais confusa e indireta, de modo que é mais fácil encobrir e justificar a conduta do dependente do que discuti-la. Esta dificuldade (disfunção) vai se convertendo em estilo de vida familiar e produzindo, em muitos casos, o isolamento da família dos contatos sociais cotidianos. As regras familiares se tornam confusas, rígidas e injustas para seus membros, de forma que os deveres passam a ser distorcidos, com algum prejuízo das pessoas que não têm problemas e privilégios da pessoa problemática.

Como se vê, a conduta codependente é uma resposta doentia ao comportamento da pessoa problemática, e se converte em um fator chave na evolução da dependência, isto é, a codependência promove o agravamento da situação da pessoa problemática, processo chamado de facilitação. Mas, os codependentes não se dão conta de que estão facilitando o agravamento do problema, em parte pela negação e em parte porque estão convencidos de que sua conduta esta justificada, uma vez que estão “ajudando” o dependente a não se deteriorar ainda mais e que a família não se desintegre.

Costuma ser mais freqüente do que se pensa, as pessoas codependentes buscarem ajuda médica, porém, sem que tenham crítica de tratar-se de codependência. Antes disso, essas pessoas se queixam de depressão ou simplesmente de estresse.

Os profissionais de saúde que trabalham na área de dependências, correm sempre o risco de desenvolver codependência como resultado da exposição crônica à dependência dos pacientes.

As manifestações dessa codependência profissional são muito variadas, podendo dizer respeito à assumir franca e pesada responsabilidade pelo dependente, protege-lo das conseqüências de suas decisões, e dar-lhe sermões repetitivos, enfim, assumir atitudes que ultrapassam as funções do profissional.

Quando acontece a codependência em profissionais da área (médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, pessoal da enfermagem), normalmente não há uma crítica imediata da situação, senão a sensação de que todas as atitudes objetivam genuinamente ajudar o paciente. Entretanto, a codependência está longe de ajudar, sendo mais provável um agravamento da dependência ou uma facilitação.

O impacto que a família sofre com o uso de drogas por um de seus membros é correspondente as reações que vão ocorrendo com o sujeito que a utiliza. Este impacto pode ser descrito através de quatro estágios pelos quais a família progressivamente passa sob a influência das drogas e álcool:

1. Na primeira etapa, é preponderantemente o Mecanismo de Negação. Ocorre tensão e desentendimento e as pessoas deixam de falar sobre o que realmente pensam e sentem.
2. Em um segundo momento, a família demonstra muita preocupação com essa questão, tentando controlar o uso da droga, bem como as suas conseqüências físicas, emocionais, no campo do trabalho e no convívio social. Mentiras e cumplicidades relativas ao uso abusivo de álcool e drogas instauram um clima de segredo familiar. A regra é não falar do assunto, mantendo a ilusão de que as drogas e álcool não estão causando problemas na família.
3. Na terceira fase, a desorganização da família é enorme. Seus membros assumem papéis rígidos e previsíveis, servindo de facilitadores. As famílias assumem responsabilidades de atos que não são seus, e assim o dependente químico perde a oportunidade de perceber as conseqüências do abuso de álcool e drogas. ? comum ocorrer uma inversão de papéis e funções, como por exemplo, a esposa que passa a assumir todas as responsabilidades de casa em decorrência o alcoolismo do marido, ou a filha mais velha que passa a cuidar dos irmãos em conseqüência do uso de drogas da mãe.
4. O quarto estágio é caracterizado pela exaustão emocional, podendo surgir graves distúrbios de comportamento e de saúde em todos os membros. A situação fica insustentável, levando ao afastamento entre os membros gerando desestruturação familiar

Recuperação da CodependênciaA codependência também pode ser agravante e desencadeante de depressão, suicídio, doenças psicossomáticas, e outros transtornos. Os grupos de ajuda para familiares de dependentes (químicos e alcoólicos) visam, principalmente, reverter este quadro, orientando os familiares a adotarem comportamentos mais saudáveis. Os profissionais acham que o primeiro passo em direção a esta mudança é tomar consciência e aceitar o problema.

O tratamento da codependência pode consistir de psicoterapia, grupos de auto ajuda, terapia familiar e em alguns casos, antidepressivos e ansiolíticos. Os grupos de auto ajuda para familiares de dependentes, tais como, Alanom e Codependentes Anônimos são de grande utilidade no processo de recuperação familiar da codependência.

Codependentes AnônimosNos mesmos moldes dos A.A e N.A, Codependentes Anônimos são grupos de ajuda com metodologia de relato em grupo e do estímulo para observância de algumas recomendações disciplinares e de alguns passos importantes. As chamadas Doze Tradições dos Codependentes Anônimos foram adaptados das 12 Tradições de A.A e N.A. Veja:

1- Nosso bem-estar comum deve estar sempre em primeiro lugar; a recuperação pessoal depende da unidade de Codependentes Anônimos.
2- Somente uma autoridade preside, em última análise, ao nosso propósito comum – um Poder Superior amantíssimo que Se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são apenas servidores de confiança; não têm poderes para governar.
3- O único requisito para ser membro da unidade de Codependentes Anônimos é ter um sincero desejo para relacionamentos saudáveis e amorosos.
4- Cada Grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que afetam outros Grupos, ou Codependentes Anônimos como um todo.
5- Cada Grupo tem um único propósito primordial – levar sua mensagem ao Codependente que ainda sofre.
6- Um Grupo de Codependentes Anônimos nunca deverá jamais endossar, financiar ou emprestar o nome de Codependentes Anônimos a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à irmandade, para que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos desviem de nosso propósito espiritual.
7- Cada Grupo deverá ser totalmente auto-sustentável, recusando assim contribuições de fora.
8- Codependentes Anônimos deverá permanecer sempre não profissional, embora nossos centros de serviços possam empregar trabalhadores especializados
9- Codependentes Anônimos, jamais deverá organizar-se como tal; podemos, porém, criar juntas ou comitês de serviço diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços.
10- Codependentes Anônimos não opinam sobre questões alheia à Irmandade, portanto, o nome de Codependentes Anônimos, jamais deverá aparecer em controvérsias públicas.
11- Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção; cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal em nível de imprensa, rádio e filmes.
12- O anonimato é a base espiritual de todas as nossas Tradições, lembrando-nos sempre da necessidade de colocar os princípios acima das personalidades.

Vejamos agora os Doze Passos de Codependentes Anônimos, também adaptados dos 12 Passos de A.A e N.A

1- Admitimos que éramos impotentes perante os outros - que nossas vidas haviam se tornado incontroláveis.
2- Viemos a acreditar que um Poder Superior a nós, poderia nos devolver a sanidade.
3- Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidado de Deus como nós O concebíamos.
4- Fizemos um destemido e minucioso inventário moral de nós mesmos.
5- Admitimos perante a Deus, perante nós mesmos e perante outro ser humano, a natureza exata de nossas falhas.
6- Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter.
7- Humildemente rogamos a Deus para que nos livrasse de nossas imperfeições.
8- Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.
9- Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, exceto quando fazê-lo significasse prejudicá-las ou a outrem.
10- Continuamos fazendo o inventário pessoal, e quando nós estávamos errados, nós o admitíamos prontamente.
11- Procuramos através da prece e da meditação melhorar nosso contato consciente com Deus como nós O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e força para realizar essa vontade.
12- Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes Passos, procuramos levar esta mensagem para outros codependentes e praticar estes princípios em todos as nossas atividades.

A American Society of Addiction Medicine propõe três fases para o tratamento de famílias de dependentes químicos, sendo que o nível de intervenção varia de acordo com a meta de tratamento estabelecida, bem como as necessidades da família. A tabela abaixo sumariza os níveis de intervenção familiar de acordo com as fases:

Fase I:
- 1. Trabalhar a negação;
- 2. Interromper o consumo de substâncias
Fase II:
- 1. Prevenir recaídas;
- 2. Estabilizar a família, melhorando seu funcionamento.
Fase III:- 1. Aumentar a intimidade do casal, no plano emocional e sexual.

Segundo NELIANA BUZI FIGLIE, psicóloga, especialista em dependência química, a fase I tem como objetivo o dependente a atingir a abstinência. Para tal é importante auxiliar as pessoas a assumir a responsabilidade sobre seus comportamentos e sentimentos. Por vezes, alguns membros podem ser atendidos conjuntamente, enfatizando a diminuição da reatividade do impacto de um familiar nos outros. Ao pensar no modelo de doença, nesta fase é trabalhado o conceito de co-dependência. No referencial sistêmico, o foco centra-se na esposa definir uma posição de modo a quebrar o circulo repetitivo do funcionamento familiar e desta forma, auxiliar o dependente em sua recuperação. O referencial comportamental trabalha com a perspectiva de visualizar comportamentos do cônjuge que reforcem o comportamento aditivo, almejando a substituição por comportamentos que reforcem a sobriedade.

Na fase II, ainda segundo Neliana Buzi Figlie, o foco é identificar padrões disfuncionais na família como um todo, tanto na família de origem, quanto da família de procriação. Nesta fase é importante retomar rituais familiares e conforme o grau de dificuldade, o encaminhamento para uma psicoterapia familiar especializada pode ser realizado.

A fase III é definida como uma nova fronteira no tratamento da dependência química, sendo uma das áreas menos exploradas e talvez uma das mais controversas. Muito tempo após a cessação do consumo de substâncias, alguns relacionamentos continuam desgastados. Nesta fase o tratamento tem como meta aumentar a intimidade do casal e a participação de ambos no processo é fundamental.

Em termos de modalidades de tratamentos psicológicos, Neliana Buzi Figlie discorre sobre 4 tipos:

Grupos de Pares, onde os membros da família são distribuídos em diferentes grupos dependentes químicos, pais, mães, irmãos, cônjuges, etc. A interação entre pares é facilitadora de mudanças, uma vez que escutar de um par não é o mesmo que escutar de um profissional, porque o par passa por situação semelhante e não é alvo de fantasias e idealizações como o terapeuta.
Grupos de Multifamiliares. Através de um encontro de famílias que compartilham da mesma problemática, cria-se um novo espaço terapêutico que permite um rico intercâmbio a partir da solidariedade e ajuda mútua, onde as famílias se convocam para ajudar a solucionar o problema de uma e de todas, gerando um efeito em rede. Todas as famílias são participantes e destinatárias de ajuda.
Psicoterapia de Casal, onde os casais podem ser atendidos individualmente ou também em grupos, uma vez que o profissional tenha habilidades para conduzir as sessões sem expor particularidades que não sejam adequadas ao tema focado.
Psicoterapia Familiar. Aqui a é a abordagem mais especializada segundo um referencial teórico de escolha do profissional para a compreensão do padrão familiar e intervenção. Nesta modalidade se reúne a família e o dependente químico.

Adicção, Drogadicção, Drogadicto

A dependência química não é uma doença aguda. Trata-se de um distúrbio crônico e recorrente. E essa recorrência é tão contundente, que raramente ocorre abstinência pelo resto da vida depois de uma única tentativa de tratamento. As recaídas da drogadicção são a norma. Portanto, a adicção deve ser abordada mais como uma doença crônica, como se fosse diabetes ou hipertensão arterial.

Considerando o fato da dependência química ser um distúrbio recorrente e crônico, alguns autores mais realistas consideram como um bom resultado terapêutico, tal como se deseja no tratamento da hipertensão arterial, asma brônquica, reumatismo, diabetes, etc, uma redução significativa do consumo da droga, e longos períodos de abstinência, supondo a ocorrência de recaídas ocasionalmente. Muitos acham que este seria um padrão razoável de sucesso terapêutico, da mesma forma que em outras doenças crônicas, ou seja, o controle da doença, mas não a sua cura definitiva.
Vamos chamar de "psicoativas" as drogas psicotrópicas, portanto, com efeito sobre o Sistema Nervoso Central. Convencionalmente, vamos chamar ainda de "psicoativas" as drogas de caráter ilícito, cujo efeito por ela produzido é de alguma forma agradável ao usuário. Pois bem. Quando se usa uma droga psicoativa, o efeito proporcionado por ela adquire para a pessoa um caráter de recompensa prazerosa.
A maioria das definições de adicção a drogas ou dependência de substâncias inclui descrições do tipo "indivíduo completamente dominado pelo uso de uma droga (uso compulsivo)" e vários sintomas ou critérios que refletem a perda de controle sobre o consumo de drogas.
As pesquisas, hoje em dia, caminham através da Psiquiatria e da Psicologia Experimental, juntamente com a Neurobiologia. Todas essas áreas se esforçam para identificar os elementos emocionais e biológicos que contribuem para alterar o equilíbrio do prazer (homeostase hedonista), alterações esta que dá origem àquilo que se conhece como drogadicção (droga-adicção). A palavra "adicção", em português, é um neologismo técnico que quer dizer, de fato, "drogadicção".
O tema "drogas" é muito complexo, multidimensional e tem atraído a atenção da maioria dos países. Nas últimas duas décadas, importantes avanços nas ciências do comportamento e nas neurociências vieram contribuir para um melhor entendimento na questão do abuso de drogas e da drogadicção (droga-adicção).
A neurociência tem identificando circuitos neuronais envolvidos em todos tipos de abusos conhecidos, assinalando regiões cerebrais, neuroreceptores, neurotransmissores e as vias neurológicas comuns afetadas pelas drogas. Também têm sido identificados os principais receptores das drogas suscetíveis de abuso, assim como todas as ligações naturais da maior parte desses receptores.
Neurologicamente a drogadicção deve ser considerada uma doença. Ela está ligada a alterações na estrutura e funções cerebrais, e isso torna a drogadicção fundamentalmente uma doença cerebral. Inicialmente, o uso de drogas é um comportamento voluntário mas, com o uso prolongado um "interruptor" no cérebro parece ligar-se, e quando o "interruptor" é ligado, o indivíduo entra em estado de dependência química caracterizado pela busca e consumo compulsivo da droga.

Abstinência como Critério de Dependência
Qualquer discussão sobre drogas psicoativas inevitavelmente desemboca na questão sobre a dúvida se uma droga em particular causa ou não dependência, e se essa dependência é física ou psicológica.
Em essência, essa questão gira em torno de se ocorrem ou não sintomas físicos relativos à síndrome de abstinência quando o usuário pára de consumir a droga, o que é tipicamente chamado de dependência física pelos profissionais da área. Havendo abstinência, considera-se um sinal de que há dependência.
O que freqüentemente se acreditava era o seguinte; quanto mais graves e exuberantes os sintomas físicos da síndrome da abstinência, mais séria ou perigosa deveria ser a dependência da droga em questão. Mas isso não é verdade. Os sintomas de abstinência que ocorrem, quando ocorrem, atualmente não mais constituem uma questão clinicamente relevante. Clinicamente falando, vejamos por exemplo, os seríssimos sintomas de abstinência da heroína. Apesar de muito dramáticos eles podem, agora, ser controlados com medicação apropriada.
Por outro lado, é bom saber que muitas das substâncias mais perigosas e causadoras de forte dependência não costumam provocar sintomas físicos graves na abstinência. O craque e a metanfetamina são exemplos disso. As duas drogas provocam alto grau de dependência, mas a suspensão do uso causa poucos sintomas físicos de abstinência, muitíssimo menores que aos sintomas da síndrome de abstinência do álcool e da heroína.
Na realidade, interessa à psiquiatria moderna saber se a droga causa ou não sua busca e uso compulsivo, mesmo diante de conseqüências sociais negativas e de saúde. Essa tem sido, atualmente, a essência da dependência química. Não interessa mais delimitar territórios entre a dependência física e psíquica, pois ambas exercem papel primordial na manutenção do vício.
Os esforços terapêuticos devem ser dirigidos não à droga em si, nem tampouco deve ser exclusivamente dirigidos às condições existenciais do drogadicto, mas sim, à pessoa do paciente. Que pessoa é essa sobre a qual se abateu a doença da dependência?
Devemos considerar a dependência à luz da abstinência, ou seja, só podemos considerar dependente a pessoa que experimenta algum tipo de mal-estar quando abstinente. É por isso que o estudo da dependência química sempre enfocou, conjuntamente, a manifestação da síndrome de abstinência produzida pela interrupção abrupta da administração da droga. Essa síndrome se caracteriza por sinais físicos, como por exemplo, o tremor e alterações do sistema nervoso autônomo nos casos de alcoolismo, ou o desconforto e dor associados à abstinência dos opiáceos, cocaína e heroína e assim por diante. Para entender melhor a Síndrome de Abstinência, notadamente do álcool, veja Delirium Tremens.
Mas, para conceituarmos a abstinência em si, seja ela devida à supressão da maconha ou da heroína, devemos observar quais são os aspectos clínicos comuns a abstinência de todas as drogas. Talvez a expressão mais adequada para se referir a esse aspecto comum às abstinências em geral seja um estado afetivo negativo. Dentro desse estado afetivo negativo encontram-se várias emoções negativas, como disforia, depressão, irritabilidade e ansiedade.

Aspecto Popular
Nesses últimos anos, férteis para a neurociência, têm sido analisados minuciosamente as alterações bioquímicas que ocorrem dentro da célula após a ativação dos receptores por drogas. Essas pesquisas vêm revelando importantes diferenças entre os cérebros das pessoas adictas e das não adictas.
Não obstante, paralelamente aos avanços científicos em relação à questão das drogas, tem havido um dramático descompasso entre tais avanços científicos e sua repercussão e/ou aplicação junto ao público geral, junto à prática médica, ou junto às políticas de saúde pública.
Um dos fatos que pode constatar a defasagem entre os fatos científicos e a percepção do público geral sobre o abuso de drogas é, por exemplo, as muitas pessoas que vêem o abuso de drogas e a adicção como problemas sociais a serem resolvidos apenas com soluções sociais. Algumas insistem exclusivamente numa maior atuação do sistema de justiça criminal. A conseqüência dessa defasagem é um atraso significativo no processo de se ter sob controle o problema do abuso de drogas.
Dia-a-dia a ciência vem nos mostrando que o abuso de drogas e a adicção são também problemas de saúde. Uma importante barreira à compreensão da drogadicção sob um modelo médico e de saúde é o tremendo estigma associado ao usuário de drogas ou ao drogadicto. Quando a opinião pública é mais benevolente sobre um adicto em drogas, considera-o vítima da sua situação social. Quando não benevolente, a sociedade clama por punições contundentes ao "drogado".
A visão popular mais comum sobre os drogadictos é que são pessoas fracas e más, que não querem levar uma vida norteada por princípios morais nem controlar seu comportamento e a satisfação de seus desejos. Há muitas pessoas que acham que pessoas adictas não merecem nem receber tratamento ou, o que é pior ainda, algumas pessoas consideram aquelas que trabalham na prevenção do abuso de drogas, como também portadoras de ideologias diferentes do público geral, portanto, passando a ser igualmente problemáticas e indesejáveis.
A divergência entre a maneira de ver o usuário de drogas como uma "pessoa má" e de vê-lo como um "portador de doença crônica" é de fundamental importância para a compreensão e atuação junto ao problema.

Aspecto Social
Seria a drogadicção uma doença? Essa é uma pergunta de conotação muito mais sociológica que médica. A medicina e a psicologia investem em muitas pesquisas partindo do pressuposto que se trata, no mínimo, de uma condição anômala no controle dos impulsos. Se a drogadicção não fosse uma anomalia, pela lógica, não se poderia pesquisá-la tanto assim, pois a medicina não costuma pesquisar entusiasticamente o normal.
A drogadicção não é apenas uma doença a nível cerebral. Melhor seria vê-la como uma doença cerebral onde os contextos sociais em que se desenvolveu e se manifestou têm importância crítica. Um dos elementos sociais envolvidos na drogadicção é a exposição a estímulos condicionantes. Esses estímulos podem ser importantes fatores na vontade de consumir drogas e mesmo nas recaídas que acontecem depois de tratamentos bem-sucedidos.
A importância dos contextos sociais (estímulos ambientais) no desenvolvimento da drogadicção pode ser exemplificada pelos drogadictos em heroína que adquiriram o vício na guerra do Vietnã. Depois da guerra e de volta aos seus lares, o tratamento dessas pessoas foi muito mais fácil e com muito mais êxito que o tratamento de drogadictos por heroína que adquiriram o vício nas ruas e longe da guerra.
Para os soldados viciados os estímulos ambientais (que não existiam mais depois da guerra) foram prioritários sobre os elementos pessoais. Para os viciados nas ruas talvez não se possa dizer o mesmo.
Devemos entender a dependência química como uma doença bio-psíco-social, formada por componentes biológicos, psicológicos e de contexto social. É claro que as estratégias de abordagem do problema devem incluir, igualmente, elementos biológicos, psicológicos e sociais. Por isso não deve ser tratada apenas a doença cerebral subjacente à drogadicção, más tratar, sobretudo, as alterações emocionais do paciente, bem como abordar os problemas sociais.
As entidades sócio-comunitárias que lidam com o assunto, muitas vezes preferem não se envolver nessa discussão. Entretanto, faz parte da compreensão dos "Narcóticos Anônimos" que a adicção é, de fato, uma doença.
De fato, nas instituições grupais que lidam com esse problema, quando se aceita o fato de tratar-se de uma doença, sobre a qual somos impotentes (como costumam dizer), tal aceitação fornece uma base para a recuperação através de programas de ajuda mútua, como é o caso dos Doze Passos dos Narcóticos Anônimos.
Para esses grupos de auto-ajuda, a pessoa com Drogadicção se apresenta ativamente (usando a droga) ou não, mas sempre será apropriada a utilização da palavra "doença" para descrever a condição do adicto.
Como a questão das drogas ultrapassou em larga escala os limites da medicina, os profissionais das diversas áreas, desde a medicina, religião, psiquiatria, legislação, até o direito penal, definem a adicção em termos que são apropriados para suas atuações.
Aspecto Psicológico
Estudando psicologicamente a formação de hábitos, veremos que, como comprovam estudos experimentais de psicólogos comportamentais, todos os comportamentos reforçados por uma recompensa positiva (agradável) tendem a ser repetidos e aprendidos. As futuras e sucessivas repetições tendem a fixar não só esse comportamento que conduz à recompensa mas, também, pode fixar os estímulos, sensações e situações eventualmente associados a esse comportamento. Os usuários de drogas referem, por exemplo, que ao ver certos lugares ou pessoas, ao ouvir certas músicas, etc., experimentam grande vontade de usar a droga.
A psicologia social identifica elementos importantes que podem estar envolvidos na falta de autocontrole para o consumo de drogas, bem como em outros comportamentos descontrolados, tais como fazer apostas, comer de forma compulsiva, etc. É de interesse formular conceitos que expliquem como essas falhas de regulação levam, em última instância, à adicção no caso do uso de drogas ou a um padrão de tipo adictivo em comportamentos não relacionados ao consumo de drogas.
Um dos conceitos é o chamado "sofrimento em espiral". O sofrimento em espiral é um conceito segundo o qual, em alguns casos, uma primeira falha de autocontrole levaria a um sofrimento emocional, sofrimento este que inicia um ciclo de falhas repetidas de autocontrole, onde cada falha traz mais sentimentos negativos à pessoa, como sentimentos de culpa, por exemplo.
Assim, a primeira experiência de consumo de drogas pode se repetir de acordo com as circunstancias pessoais e sociais, ocasionando uma recaída e dando surgimento a falhas no autocontrole. Nesse caso, o conceito de sofrimento em espiral será utilizado para descrever o desregulação progressivo do sistema cerebral de recompensas no contexto dos ciclos repetidos de adicção.
Um dos elementos psicológicos muito provavelmente implicados na manutenção da dependência seria o grande desconforto das síndromes de abstinência. Essa crise de mal estar seria uma das bases explicativas para o uso compulsivo e continuado da drogas.
Embora a idéia da abstinência como favorecedora da manutenção da dependência seja motivo de controvérsias, existem evidências cada vez maiores sobre a presença de estado afetivo negativo (comum nas abstinências) pode favorecer o início do desenvolvimento de dependência, bem como contribuir para a vulnerabilidade à recaídas.

12 PASSOS DE N.A

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Os doze passos de NA é um conjunto de ações divididas em etapas que ajuda o membro a manter sua rotina diária na busca da recuperação, permitindo-lhe a mudança de hábitos, atitudes e comportamentos de forma simples e gradativa, sem traumas. Definindo melhor: auxilia o adicto a deixar de ser um suicida.
Estes são os princípios que possibilitaram a nossa recuperação pessoal:
1 – “Admitimos que éramos impotentes perante nossa adicção e que nossas vidas tinham se tornado incontroláveis”.
2 – “Viemos a acreditar que um Poder Superior pudesse devolver-nos à sanidade”.
3 – “Decidimos entregar nossa vontade e nossas vidas aos cuidados de Deus, da maneira como nós O compreendíamos”.
4 – “Fizemos um profundo e destemido inventário moral de nós mesmos”.
5 – “Admitimos a Deus, a nós mesmos e a outro ser humano, a natureza exata das nossas falhas”.
6 – “Prontificamo-nos, inteiramente, a deixar que Deus removesse nossos defeitos de caráter”.
7 – “Humildemente pedimos a Ele que removesse nossos defeitos”.
8 – “Fizemos uma lista de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e dispusemo-nos a fazer reparações a todas elas”.
9 – “Fizemos reparações diretas a tais pessoas sempre que possível, exceto quando fazê-lo, pudesse prejudicá-las ou a outras”.
10 – “Continuamos fazendo nosso inventário pessoal, e quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente”.
11 – “Através de prece e meditação procuramos manter nosso contado consciente com Deus, da maneira como nós O compreendíamos, rogando apenas o conhecimento de sua vontade em relação a nós e o poder de realizar essa vontade”.
12 – “Tendo experimentado um despertar espiritual como resultado desses passos, procuramos levar essa mensagem a outros adictos e praticar esses princípios em todas as nossas atividades”.



Isso parece ser uma grande tarefa e não podemos fazer tudo de uma só vez. Lembre-se, vá com calma.
Mais do que qualquer outra coisa, uma atitude de indiferença ou intolerância com os princípios espirituais, irá derrotar nossa recuperação. Três desses princípios são fundamentais:
• Honestidade;
• Mente Aberta;
• Boa Vontade;
Se os mantivermos, estaremos bem no caminho da recuperação.
Pensar que o álcool é diferente das outras drogas, fez muitos adictos recaírem. Antes de chegar a NA, muitos de nós encaravam o álcool separadamente. Não podemos nos enganar. O álcool pe uma droga. Temos que nos abster de todas as drogas para podermos nos recuperar.

NARCÓTICOS ANÔNIMOS

www.na.org.br

História da Irmandade:Narcóticos Anônimos é uma associação internacional, sem fins lucrativos, de homens e mulheres, adictos em recuperação que se reúnem regularmente para se ajudarem uns aos outros a se manterem limpos do uso de drogas.
Surgiu em 1953, no sul da Califórnia e hoje está em mais de 130 países, abrigando cerca de 40.000 reuniões semanais.
No Brasil, NA chegou em 1985, mas aqui já funcionava, desde 1976, a irmandade brasileira conhecida como Toxicômanos Anônimos, com propósito semelhante que, em 1990, se fundiu a Narcóticos Anônimos.
Hoje, no Brasil, NA conta com cerca de 850 grupos distribuídos por todos os estados da federação.



Forma de atuação:A Irmandade de Narcóticos Anônimos não tem opinião sobre questões alheias e atua de forma independente (é auto-sustentada por seus membros) e desvinculada de qualquer outro órgão ou instituição, não apoiando, endossando ou financiando qualquer empreendimento fora do seu propósito primordial, que é: levar a mensagem ao adicto que ainda sofre. Nossa mensagem é simples: “UM ADICTO, QUALQUER ADICTO, PODE PARAR DE USAR, PODE PERDER O DESEJO DE USAR E ENCONTRAR UM NOVO MODO DE VIDA ATRAVÉS DE NA”.

Como fazer parte:

Há somente um requisito para ser membro: ter o desejo de parar de usar. Não importa o que ou quanto usou, quais eram seus contatos, o que fez no passado, condição social, preferência sexual, sexo, idade, religião ou falta de religião.
É um programa de total abstinência de todas as drogas, inclusive álcool, maconha ou drogas fármaco dependentes.


Quem é o adicto?

Adicto é simplesmente um homem ou uma mulher cuja vida é controlada pelas drogas.

O que é adicção?

Adicção vem do latim, adictum, que significa escravo de, viciado.
São três as características principais da doença da adicção:
Compulsão – é o aspecto físico da doença - uma vez ingerida a mínima quantidade qualquer de drogas, não se consegue mais parar de usar.
Obsessão – é o aspecto mental da doença - a mente e os pensamentos estão voltados em se arranjar maneiras e meios de conseguir mais drogas, continuamente.
Egocentrismo – é o aspecto espiritual da doença - o adicto se sente como o centro das atenções do mundo e se isola em si mesmo.


Anonimato:

Através do princípio do anonimato, todos os seus membros são iguais perante a doença (ninguém julga ou faz diagnóstico de ninguém) e suas identidades são preservadas. Sabemos que o programa de recuperação é perfeito, mas o adicto pode falhar, assim, ninguém está apto a levantar a “bandeira de NA”.

Como conhecer NA?

Os grupos de NA oferecem reuniões diárias e regulares a seus membros para o propósito da recuperação pessoal. E cada grupo dispõe, uma vez por mês, em sua agenda, de reuniões abertas ao público em geral. Essas reuniões permitem que as comunidades visitem os grupos de NA e vejam como funciona a recuperação dos que ali vão buscar ajuda para si próprios.

Apadrinhamento:

Em Narcóticos Anônimos não há médicos, terapeutas, conselheiros. O que mais se aproxima dessa idéia é o padrinho ou madrinha: um membro com mais experiência que auxilia o recém-chegado a praticar o programa.

Atendimento à Sociedade:

Narcóticos Anônimos não tem cargos (presidentes, diretores, gerentes, supervisores, etc). Tem líderes, que são membros que assumem encargos temporários e se alternam em tarefas voluntárias e periódicas.
Assim, Narcóticos Anônimos oferece:
•Painéis de apresentações públicas (palestras), totalmente gratuito, àqueles que solicitam (agenda prévia com mínimo de 15 dias).
•Reuniões regulares para pessoas que estão temporariamente impedidas de virem a uma reunião de NA (pessoas que estão internadas em clínicas especializadas, hospitais ou presídios – independente de serem ou não membros de NA).
•Serviço de atendimento telefônico para encaminhar um adicto em potencial para um grupo ou prestar outros esclarecimentos sobre a Irmandade.

OS 13 PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO EFICAZ (NIDA)

PRINCIPIO 1

Um único tratamento não é apropriado para todos os indivíduos. Combinar locais de tratamento, intervenção e serviços para os problemas e necessidades de cada indivíduo em particular é indispensável para o sucesso final ao retornar para o funcionamento produtivo na família, local de trabalho e sociedade.

PRINCIPIO 2

O tratamento precisa estar prontamente disponível. Pelo fato de que os indivíduos dependentes em drogas podem estar duvidosos quanto a iniciarem em tratamento, aproveitar as oportunidades quando eles estão prontos é fundamental. Candidatos potenciais podem ser perdidos se o tratamento não estiver imediatamente acessível.

PRINCIPIO 3

Um tratamento eficaz é aquele que atende às diversas necessidades do indivíduos e não apenas ao uso de drogas. Para ser eficaz, um tratamento deve abordar o uso de drogas do indivíduo e quaisquer outros problemas associados: médico, psicológico, social, vocacional e legal.

PRINCIPIO 4

O tratamento de um indivíduo e o plano de serviços devem ser continuamente avaliados e modificados quando necessário para garantir que o plano atenda às necessidades mutante da pessoa. Um paciente pode precisar de combinações variadas de serviços e componentes de tratamento durante o curso da terapia e recuperação. Além de aconselhamento ou psicoterapia, um paciente às vezes pode requerer medicação, outros serviços médicos, terapia familiar, instruções aos pais, reabilitação vocacional, serviços legais e sociais. É fundamental que a abordagem do tratamento seja apropriada à idade, gênero, etnia e cultura do indivíduo.

PRINCIPIO 5

A permanência no tratamento por um período adequado de tempo é essencial para sua eficácia.
A duração apropriada para um indivíduo depende de seus problemas e necessidades. Pesquisas indicam que para a maioria dos pacientes o limiar de melhoria significativa é alcançada com 3 meses de tratamento. Após alcançar esse limiar um tratamento adicional pode produzir mais progresso rumo à recuperação. Devido ao fato de as pessoas comfreqüência deixarem o tratamento prematuramente os programas devem incluir estratégias para envolver e manter os pacientes.

PRINCIPIO 6

Aconselhamento (individual e / ou em grupo) e outras terapias comportamentais são componentes cruciais para um tratamento eficaz. Em terapia os pacientes mencionam temas como motivação, aquisição de habilidades para resistir ao uso de drogas, substituição de atividades que não impliquem em uso de drogas e melhoria de habilidades para resolver problemas. A terapia comportamental também facilita relações interpessoais e a habilidade do indivíduo para atuar em família e na comunidade .

PRINCIPIO 7

Medicações são um elemento importante no tratamento de vários pacientes, especialmente quando combinadas com aconselhamento e outras terapias comportamentais. Naltrexona é uma medicação eficaz para alguns pacientes com dependência de álcool. Para pessoas dependentes de nicotina, um produto de substituição da nicotina ( tais como adesivos ou gomas ) ou uma medicação oral ( bupropion ) pode ser um componente eficaz no tratamento. Para pacientes com distúrbios mentais, tanto os tratamentos comportamentais quanto os medicamentos podem ser de fundamental importância.

PRINCIPIO 8

Indivíduos com distúrbios mentais que sejam dependentes das drogas devem ser tratados de maneira integrada de ambos os problemas. Pelo fato de distúrbios mentais e de dependencia freqüentemente ocorrerem no mesmo indivíduo, os pacientes que apresentarem ambas as condições devem ser avaliados e tratados pela recorrência de outro tipo de distúrbio.

PRINCIPIO 9

Desintoxicação médica é apenas o primeiro estágio do tratamento e por si mesma contribui pouco para mudança a longo prazo de uso de droga. Desintoxicação médica seguramente administra os sintomas físicos agudos de abstinência associada à interrupção de uso de droga. Enquanto a desintoxicação sozinha é raramente suficiente para auxiliar atingir abstinência por longos períodos, para alguns indivíduos é um precursor fortemente indicado em tratamento eficaz das drogas.

PRINCIPIO 10

O tratamento não precisa ser voluntário para ser eficaz. Uma forte motivação pode facilitar o processo do tratamento. Sanções ou carinho na família, estabelecimento de emprego ou o sistema criminal de justiça podem aumentar significativamente tanto a entrada no tratamento quanto índices de retenção e o sucesso de intervenções no tratamento de droga. Pode-se inclusive recorrer a internações involuntárias para forçar o paciente a se tratar. Para isso é necessário uma indicação médica precisa.

PRINCIPIO 11

O possível uso de droga durante o tratamento deve ser monitorado continuamente. Lapsos de uso de uso de drogas podem ocorrer durante o tratamento. O objetivo do monitoramento ao uso de álcool e droga de um paciente durante o tratamento, tal como através de exames de urina ou outros, pode ajudar o paciente a resistir ao uso de drogas. Tal monitoramento também pode proporcionar evidência prévia de uso de droga a fim de que o plano de tratamento do indivíduo possa ser ajustado. Feedback a pacientes que apresentarem resultado positivo quanto ao uso de droga é um elemento importante de monitoramento.

PRINCIPIO 12

Programas de Tratamento devem proporcionar avaliação para AIDS/ HIV, Hepatite B e C, Tuberculose e outras doenças infecciosas e Aconselhamento para ajudar pacientes a modificarem comportamentos de risco de infecção. Aconselhamento pode ajudar pacientes a evitarem comportamento de risco. Pode também ajudar pessoas que já estejam infectadas a lidarem com sua doença. Aconselhamento pode ajudar pacientes a evitarem comportamento de risco. Pode também ajudar pessoas que já estejam infectadas a lidarem com sua doença.

PRINCIPIO 13

A recuperação da Dependência Química pode ser um processo a longo prazo e freqüentemente requer vários episódios de tratamento. Tal como outras doenças crônicas, recorrências ao uso, de drogas podem acontecer durante ou após episódios de tratamento bem sucedidos. Indivíduos podem requerer tratamento prolongado e vários episódios de tratamento para atingir abstinência a longo prazo e restaurar funcionamento pleno. A participação em programas de apoio, de auto-ajuda, durante o tratamento é sempre útil na manutenção da abstinência

COMO INDENTIFICAR UM USUÁRIO.

Antes de identificar um usuário de drogas é necessário definir como entendemos os termos  usuário e droga.



Podemos dizer que identificar um usuário é tarefa muito simples: quem toma um cafezinho, bebe uma cervejinha, fuma um cigarrinho e toma um remedinho (por conta própria ou por indicação médica), é usuário de droga!



Esta afirmativa pode parecer um tanto quanto estranha, pois costumamos fazer as seguintes associações:



droga = substâncias ilícitas (maconha, cocaína etc.)



usuário = dependente (popularmente chamado de viciado, drogado etc.)



Alguns podem argumentar que as substâncias ilícitas são mais perigosas e prejudiciais do que as lícitas (álcool, cigarro etc.). Mas com base em quê? Por exemplo, o que é pior: uma pessoa usar maconha ou álcool?



Se analisarmos as situações a partir da substância, já saberemos a resposta.



Se tomarmos como referência o tipo de relação que o usuário mantém com a droga, a análise já será diferente.



Se imaginarmos um uso constante, em quantidades relativamente altas, enfocando prejuízos orgânicos causados pelo uso crônico, síndrome de abstinência, incapacitação social e riscos de overdose, comparados entre as duas substâncias, a posição relativa das drogas, mudará drasticamente. A esse respeito, Masur e Carlini, no livro "Drogas: subsídios para uma discussão", fazem uma comparação dos prejuízos causados a curto e a longo prazo, por cinco substâncias sobre as quais existe mais discussão: cigarro, álcool, maconha, cocaína e heroína.



Bem, o que estamos querendo dizer com tudo isso?



Primeiro: que tudo é muito relativo.



Segundo: que, ao invés de nos preocuparmos em identificar um usuário, seria muito mais adequado procurarmos olhar para o ser humano, ou seja, entender como ele pensa, o que sente, o que deseja, o que o preocupa, quais as suas necessidades... sem pré-julgamentos, sem preconceitos, sem medo. Mas... como disse Andrade: "O difícil é olhar de perto. Afinal a exclusão esconde o insuportável". E o insuportável é aquilo que, mais intimamente, dentro de nós, evitamos ter contato.



Quando suspeitamos que alguém usa droga ilícita, procuramos alternativas para lidar com a situação da melhor maneira possível. Podemos conversar com a pessoa ou solicitar a orientação de um profissional. Às vezes buscamos soluções mágicas como, por exemplo, uma lista de sinais de uso de drogas. Mas o que fazer com as informações contidas nessa lista? Mesmo que nos auxiliem a identificar um usuário, o que fazer com essa descoberta?... E, então, perguntamos: essa lista serve para quê? Muita vezes acaba sendo utilizada como pretexto para que nos tornemos detetives ou espiões capazes de invadir a privacidade do outro. Serve, portanto, como um paliativo para diminuir a angústia que se tem pelo desconhecido.



E o desconhecido não se refere apenas às drogas ilícitas - embora essas despertem uma certa curiosidade, acompanhada por uma sensação de mistério decorrente do mito que se criou em torno delas - nem muito menos às lícitas, já que são aceitas socialmente e seu uso é estimulado.



O desconhecido é o ser humano, com sua enorme complexidade. Somos nós mesmos. É o outro diferente de mim.



Várias podem ser as causas dos sinais listados para reforçar nossa capacidade de rotular, estigmatizar e discriminar aquele que é diferente, ou seja, que foge daquilo que chamamos de normalidade.



Não nos interessa, portanto, saber quais os sinais para identificar quem é usuário. Devemos nos interessar em saber o que o uso de drogas (lícita e/ou ilícita) está sinalizando. Pode, por exemplo, ser uma das respostas (às vezes a única) para problemas individuais, familiares e/ou sociais ou, ainda, uma experiência que faça parte das descobertas e do crescimento do ser humano.



Assim, um uso constante de qualquer substância não deve ser ignorado nem banalizado, tal como habitualmente fazemos quando se trata das drogas lícitas. De outro lado, uma experiência com droga ilícita não deve ser tratada com pânico nem desespero.



Investir no diálogo, em relações de respeito e confiança não evitará que as pessoas usem drogas (lícitas e/ou ilícitas). Porém, teremos a garantia mínima de um espaço aberto para a comunicação, o qual será útil para o encaminhamento mais adequado da questão.



Afinal, quem usa drogas são os seres humanos. Portanto, como tais, devem ser respeitados em sua subjetividade e individualidade.