percurso vida

"Para vencer o medo que temos, necessitamos dos
conhecimentos que ainda não temos. Para conhecer mais, formulamos hipóteses que reforçam nosso medo e nossa curiosidade; insistindo no processo, vamos criando novos medos e preconceitos ou chegamos ao prazer do conhecimento."

percursovida@hotmail.com


"No simples ato de ouvir podemos ajudar e transmitir paz a alguém, por isso fazer o bem pode ser mais fácil do que imaginamos, uma conversa, atenção, uma demonstração de amizade verdadeira, de valorização e apoio, pode ajudar muito alguém que esteja passando por dificuldades. É só pensar nisso e praticar dentro do possível."

Falo pelas minhas palavras e com o meu coração. Não sou nenhum profissional da
área médica, sou um “experiente” dependente químico.












A experiência de um adicto

com aceitação, fé e compromisso

Quando vim para o programa de NA havia identificado meu problema — tinha o desejo de

parar de usar, mas não sabia como. Devido à natureza da adicção, toda minha personalidade

estava voltada para conseguir, usar e encontrar maneiras e meios de conseguir mais. Todos os

traços de minha personalidade reforçavam esta auto
obsessão. Totalmente egocêntrico, tentava

dirigir minha vida manipulando pessoas e situações para meu proveito. Tinha perdido todo o

controle. A obsessão forçava
me a usar drogas repetidas vezes, contra minha própria vontade,

sabendo que era autodestrutivo e contra o meu instinto básico de sobrevivência. Insano e me

sentindo desesperadamente desamparado, desisti de lutar e aceitei que era um adicto — que

estava totalmente incontrolável e que era impotente perante a doença. Minha força de vontade

não podia mudar meu corpo doente que compulsivamente exigia mais drogas. Meu autocontrole

não conseguia modificar minha mente adoecida, obcecada pela idéia de usar alteradores do

ânimo para fugir da realidade. Nem mesmo meus ideais mais elevados podiam mudar meu

espírito doente — dissimulado, manipulador e totalmente egoísta. Tão logo fui capaz de aceitar a

realidade da minha fraqueza, não precisei mais usar drogas. Esta aceitação de minha condição —

minha impotência perante a adicção e perda de controle sobre a minha vida era a chave para a

minha recuperação.

Em NA, com a ajuda dos adictos em recuperação, eu me abstive de usar drogas um minuto,

uma hora, um dia de cada vez. Ainda queria estar drogado. A vida sem as drogas parecia

intolerável. Parar de usar drogas me deixou ainda mais desesperado do que antes e para lidar

com estes sentimentos minha mente dizia para usar drogas novamente. A aceitação de minha

impotência e do descontrole da minha vida fizeram com que eu necessitasse de um poder mais

forte do que minha doença para mudar minha natureza autodestrutiva. As pessoas que conheci

nas reuniões diziam
me que tinham encontrado no programa de NA, um poder maior que sua

adicção. Essas pessoas estavam limpas há meses ou anos e nem mesmo queriam usar mais.

Diziam
me que eu também conseguiria perder o desejo de usar drogas vivendo o programa de

NA. Eu não tinha outra escolha senão acreditar nelas. Já havia tentado médicos, psiquiatras,

hospitais, clínicas para doentes mentais, mudanças de empregos, casamentos, divórcios; tudo

tinha falhado. Parecia não haver esperança, mas em NA eu a encontrei. Conheci adictos se

recuperando de sua doença. Comecei a acreditar que poderia aprender a viver sem as drogas.

Em NA encontrei a fé de que precisava para começar a mudar.

Nesta altura já tinha parado de usar drogas e, sem muita convicção, pensava que podia

continuar na abstinência. Ainda pensava e sentia como um adicto, apenas não usava drogas.

Minha personalidade e caráter continuavam os mesmos de sempre. Tudo em mim reforçava

minha autodestruição. Precisava mudar ou poderia voltar a usar drogas outra vez. Havia

aceitado minha condição e acreditava que poderia me recuperar. Para fazer isto, tive que me

comprometer totalmente com os princípios espirituais do programa de NA.

Com a ajuda de meu padrinho, decidi entregar minha vida e minha vontade a Deus, como eu

compreendo Deus. Esta decisão exige uma aceitação contínua, fé sempre crescente e um

compromisso diário com a recuperação. A decisão de entregar minha vida e vontade a Deus

exigia que olhasse para mim e realmente tentasse mudar minha maneira de lidar com a realidade.

Esta entrega trouxe honestidade para minha vida. É assim que o programa de NA funciona para

mim: aceito minha doença, desenvolvo a fé de que o Programa pode me mudar e me

comprometo com os princípios espirituais de recuperação.

Agora preciso agir. Se eu não mudar ficarei infeliz e voltarei a usar drogas. As ações sugeridas

pelo programa de NA podem mudar minha personalidade e caráter. Avalio minha vida com

sinceridade, escrevo o que tenho feito e como tenho me sentido. Revelo
me totalmente ao meu

Deus e a outro ser humano, contando todos os meus medos, raivas e ressentimentos mais

secretos. Ao fazer isso, o passado deixa de controlar minha vida e sou libertado para viver meus

ideais de hoje. Começo a me comportar de modo diferente, e estou pronto para ser transformado

por meu Deus na pessoa que Ele quer que eu seja.

Comecei a construir uma razoável auto
imagem, baseada na realidade, ao pedir que fossem

removidos os meus defeitos de caráter.

Ao reparar os danos que causei a outras pessoas, aprendi como perdoar a mim e aos outros.

Regularmente, revejo meu comportamento e corrijo meus erros, logo que possível.

Continuamente, estou desenvolvendo e expandindo a confiança e a fé nos princípios espirituais.

Dou aos outros, partilhando sobre mim mesmo, e sobre nosso programa, tentando viver os

princípios que aprendi.

Estes Doze Passos têm me permitido parar de usar, tirando
me o desejo de usar e me dando

uma nova maneira de viver.

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